sexta-feira, dezembro 14, 2012

Veja bem meus queridos leitores, onde eles foram se reunir, no Boulevard Hotel, num salão nobre, com ar refrigerado de dar tremelique, água gelada, cafezinho e som de primeira - por que não foram se reunir na beira do Juá, no sol quente, tomando água do lago e café feito na chiculateira? Como requer a cultura bestial natureba.



Nelson Vinencci é músico e compositor amazônico, nascido em Oriximiná Pará

Uma tolice! Assim vejo esse alvoroço besta sobre o loteamento Buriti na Rodovia Fernando Guilhon. Esse projeto ousado é uma conquista do povo de Santarém, que não pode passar centenas de anos condenado a crescer a base de favela.
Desde a colonização tem sido assim. O colonizador invadiu, saiu criando caminho de roça, que virou ruela e depois rua, após acordarem para a modernidade, resolveram planejar ruas e avenidas, mas tudo ficou meio que pelo caminho.
Santarém como outras cidades deste país, cresceu na base de invasões. O êxodo rural se encarregou de povoar a maioria das cidades deste Brasil avacalhado, Santarém está entre as piores em planejamento, porque só teve até hoje, um, ou dois bairros, pensados.
Agora chega uma empresa de fora, porque nós daqui, não temos coragem e nem competência para tal façanha, resolveu fazer uma extensão urbana planejada, como deve ser qualquer projeto de moradia digna na atualidade, aí aparece uns bobões barbados, umas freiras frustradas, tentando confundir o cidadão que quer ver Santarém crescer bonito.
Pior, encurralaram este magnífico projeto para um jogo já conhecido nosso, que é tudo ser resolvido neste país a base de liminar. Ou seja, os ecos chatos pressionam a justiça que embarga a obra, aí a empresa consegue uma liminar, continua, então outra instância cassa a liminar, até chegar lá no topo da Justiça, que autoriza, mas a desgraça já ta feita.
Porque um projeto que inicialmente começou por um custo ‘x’, ao terminar a guerra na justiça, os custos oneram absurdamente, e no final recai sobre o consumidor final que é o cidadão que sonhou morar na beira do Juá e não numa favela, mas numa casa descente, com água tratada, iluminação de qualidade, ruas e logradouros planejados.
Esse povo é tão sem noção que veja só o que escreveu o jornalista Jota Ninos, um dos cabeças do movimento, ao comentar um artigo de jornal: “E publicarei sua nota em meu blog. Informo ainda que hoje a noite (11/12), o Movimento em defesa ao Lago do Juá reúne-se numa das salas do Boulevard Hotel para discutir detalhes do ato público ABRAÇO AO JUÁ que realizaremos no dia 13/12.
Veja bem meus queridos leitores, onde eles foram se reunir, no Boulevard Hotel, num salão nobre, com ar refrigerado de dar tremelique, água gelada, cafezinho e som de primeira - por que não foram se reunir na beira do Juá, no sol quente, tomando água do lago e café feito na chiculateira? Como requer a cultura bestial natureba.
Porque não foram para a mata fechada no meio das formigas, fazer suas reuniões, já que a mata é sagrada e é uma maravilha, melhor que uma casa de alvenaria e uma central de ar ligada no toco? Para mim esse abraço ao Juá não passa de um abraço de afogados.
Afogados na prática que destoa absurdamente do discurso naturebista que só atrasa o nosso país e nosso povo.

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