quinta-feira, julho 31, 2014

POR QUE JESUS MORREU NA CRUZ?


Publicado em 24.06.2014

Jesus foi preso, acusado, examinado, sentenciado e executado publicamente, morrendo como o pior criminoso. Tudo de maneira tão sumária. Mas o que fez este homem para merecer tamanha indignação e crueldade? Por que o mataram? Qual foi a verdadeira motivação de tal violência?

À primeira vista, parece que o que prevalece é a motivação humana. Sua morte foi provocada por uma conspiração muito bem articulada envolvendo vários personagens da história. Judas entregou Jesus por ganância (Lc 22.4-5; Mc 14.10-11; Mt 27.3) em conluio com os sacerdotes que o acusaram falsamente (Mt 26.59) por inveja (Mt 27.18; Mc 15.10; Lc 23.10), incitando o povo ao ódio e gritaria (Mc 15.11) diante de Pilatos que o condenou, pois foi omisso (Mt 27.19-26). Em outras palavras, o que levou Jesus à cruz foi ganância, mentira, inveja, omissão, dentre muitos outros pecados que poderiam ser mencionados. De fato, a cruz existe por causa do pecado. A cruz expõe que a humanidade está cheia de maldade. A cruz evidencia que as pessoas merecem ser punidas por sua natureza corrupta. Mesmo Jesus nunca tendo pecado (Hb 4.15; 7.26; 1 Pe 2.22), foi levado à cruz por causa dos nossos pecados (Is 53.5-7; Hb 9.15).
Parece-nos, no primeiro momento, que Jesus foi morto por algumas pessoas que representam a natureza humana pervertida em suas motivações. Gente com intenções violentas e pecaminosas que explodiram agressivamente contra o Cordeiro de Deus.
Observando um pouco mais atentamente as narrativas dos evangelistas, percebe-se a motivação satânica. Existe um personagem que está oculto e ativo nos movimentos dessa tragédia. Satanás, diz o evangelista, "entrou em Judas" (Lc 22.3) e o próprio Mestre ordena ao traidor: "o que pretendes fazer, faze-o depressa" (Jo 13.27). 

Ora, apresenta-se o fato que Satanás está manipulando as pessoas a partir da cobiça de cada um. Judas, por exemplo, é manipulado pelo dinheiro. Satanás é o deus do dinheiro (Mt 6.24) e utiliza-se deste meio para corromper, subverter e submeter Judas aos seus propósitos (1 Tm 6.10). Isto não inocenta a humanidade de seu pecado, mas traz a aparente regência dos fatos ao maestro do inferno, afinal, o mundo jaz no maligno (1 Jo 5.19). Desde a mentira inicial, com as falsas acusações até a agressiva e injusta morte de Jesus, todas são obras provenientes de quem está unido a Satanás. Nas palavras simples e diretas de Jesus, são filhos do diabo (Jo 8.44). Neste segundo momento, portanto, somos levados a pensar que, por trás das motivações pervertidas das pessoas, está a motivação mordaz de Satanás que sempre intentou contra Jesus (Mt 2.16; Mt 4.1).

Aprofundando-se na reflexão, chega-se, finalmente, à motivação divina. Jesus declarou que ninguém poderia tirar sua vida, mas ele a deu deliberadamente, por sua própria e espontânea vontade (Jo 10.17-18). Ele sabia absolutamente tudo o que lhe ia acontecer (Jo 18.4). Em primeiro lugar, ele não poderia ser dominado por pessoas. Durante o momento da prisão, seu poder era superior aos soldados, tanto que caíram quando falou (Jo 18.6), um deles foi curado de uma orelha decepada (Lc 22.51), e Jesus declarou que poderia pedir a qualquer momento mais de doze legiões de anjos (Mt 26.53). 

Em segundo lugar, ele não poderia ser dominado por Satanás. Porque não pecou, não se tornou filho do diabo, ao contrário, Cristo se manifestou para destruir as obras do diabo (1 Jo 3.8), e destruir aquele que tem o poder da morte, a saber, o próprio diabo (Hb 2.14). O apóstolo Pedro confirma esse ensino que Jesus "foi entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus" (At 2.23; 1 Pe.1.19-20). Quando perseguidos, os cristãos oraram que os conspiradores fizeram tudo o que a mão e o propósito de Deus predeterminaram (At 4.28). O apóstolo Paulo confirma o ensino que Cristo se entregou voluntariamente (Rm 4.25; 8.32; Gl 2.20; Ef 5.2, 25).

Que boa notícia! Jesus não foi morto, mas morreu voluntariamente. Seu poder sobre a morte começa em sua decisão de morrer. Não foi Judas, por dinheiro, os sacerdotes por inveja, o povo por ódio, Pilatos por omissão, Satanás por manipulação, nem você e eu por qualquer outra razão. Foi seu amor por nós que o levou à cruz (Jo 3.16).

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segunda-feira, julho 14, 2014


Um milhão e trezentos mil brasileiros assinaram o projeto de lei idealizado pelo juiz Márlon Reis que se tornou a Lei Complementar nº 135/2010, mais conhecida pelo nome popular Ficha Limpa, sancionada pelo Presidente da República em 4 de junho de 2010, depois de aprovada tanto na Câmara dos Deputados como no Senado Federal. A lei torna inelegível por oito anos o candidato que tiver mandato cassado, renunciar para evitar a cassação ou for condenado por decisão de órgão colegiado, mesmo que ainda exista a possibilidade de recursos.


A expressão “ficha limpa” está na Bíblia e deveria ser a condição sine qua non para a ordenação de diáconos e presbíteros


Curioso é que a ideia de ficha limpa é um capítulo de grande importância na Bíblia. O candidato aos cargos de diáconos, presbíteros, pastores e bispos deveriam ser pessoas “que ninguém possa culpar de nada” (1Tm 3.2; Tt 1.7). Paulo diz a Timóteo que ele deveria fugir das paixões da mocidade e procurar viver uma vida correta (2Tm 2.22). Mais ainda, cada novo convertido à fé cristã “torna-se uma pessoa totalmente nova por dentro”, não é mais a mesma pessoa de antes, deve ser um crente de ficha limpa (2Co 5.17).

Há mais de 3 mil anos, já se falava em ficha limpa no Antigo Testamento. A pessoa que era perdoada tinha o seu pecado apagado, coberto, enterrado, relevado ou perdoado. Em outras palavras, a sua ficha, antes manchada, ficava limpa -- o que não a isentava, contudo, de reconhecer o erro cometido diante de Deus (Sl 51) ou da pessoa defraudada (Lc 19.1-8). A versão da Bíblia em linguagem contemporânea A Mensagem, de Eugene H. Peterson, traduz assim o primeiro verso do Salmo 32: “Considere-se afortunado, feliz mesmo: você que ganhou um novo começo e cuja ficha está limpa”.

Já bem velho e de cabelos brancos, depois de ter liderado o povo de Israel por muitos anos, o profeta Samuel encerrou sua carreira como um religioso de ficha limpa:

“Eu fiz o que me pediram: dei a vocês um rei para governá-los. Agora vocês têm um rei que os guiará. Quanto a mim, já estou velho, de cabelos brancos, e os meus filhos estão com vocês. Fui o seu líder desde a minha mocidade, até hoje. Aqui estou eu. Se fiz alguma coisa errada, me acusem agora, na presença do Senhor Deus e do rei que ele escolheu. Por acaso, tomei o boi ou o jumento de alguém? Enganei ou persegui alguém? Recebi dinheiro de alguém para torcer a justiça? Se fiz alguma dessas coisas, eu devolverei o que tirei” (1Sm 12.1-3).

Quando o velhinho fechou a boca, o povo abriu a sua boca e afirmou: “O senhor não nos enganou, nem nos perseguiu e não tomou nada de ninguém” (1Sm 12.4)

Quantas autoridades religiosas hoje ouviram as mesmas palavras que Samuel ouviu?