quinta-feira, dezembro 17, 2015

Igrejas evangélicas dão orientação para buscar emprego


Publicado em 15.12.2015

A cena se repete todas as segundas-feiras no bairro de São Cristóvão, na zona noroeste de Belo Horizonte (MG). Acaba o Culto do Bom Samaritano às 21h30 e, na saída, as pessoas param em frente aos anúncios de emprego fixados no largo corredor do salão que antecede a entrada do templo.
Entre membros efetivos e visitantes, a Igreja Batista da Lagoinha recebe cerca de 250 pessoas por culto. Segundo o pastor da Lagoinha, Eduardo Oliveira, 35, na crise as pessoas tendem a recorrer à fé. "Muita gente tem nos procurado. Fiéis novos, visitantes, que vêm angustiados, sem emprego."
A fé na crise
Para facilitar a busca de uma nova vaga, a igreja firmou parceria com o site Vagas Z, plataforma que disponibiliza o currículo dos fiéis a empregadores. A igreja também oferece apoio emocional. "Durante a semana ligamos para os fiéis desempregados porque sabemos que estão fragilizados nessa condição", diz o pastor.
Sem trabalho, o vigilante e fotógrafo Victor Vinícius Guimarães, 22, considera o momento atual uma oportunidade para exercer a fé. "A crise vem para todo mundo, e a Bíblia diz assim: 'no mundo tereis aflição, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo'", afirma.
Sem exigência da igreja, os fiéis desempregados não precisam pagar o dízimo, mas voltam a contribuir assim que conseguem trabalho, mesmo que temporário. "Eu só dou o dízimo quando realizo um trabalho. Não existe uma imposição quanto a isso", diz o produtor multimídia Alex Bruno Goulart Santos, 22.
A configuração familiar também preocupa os evangélicos. "Nos momentos de crise, infelizmente, muitas famílias se desestabilizam e nós entendemos que a palavra de Deus é muito importante para fortalecer, trazer esperança e vida. Essa é a mensagem que passamos", diz o pastor da Lagoinha. Vídeo  com entrevistas de membros.
Em São Paulo, onde 22% da população é evangélica, a Igreja Batista do Povo oferece programa de coaching em grupo. O objetivo é desenvolver a autoconfiança nos alunos para que eles possam assumir responsabilidades de cargos de liderança. Segundo Edgard Rufino, dono de uma empresa de desenvolvimento humano e organizacional, o desemprego coloca em risco a unidade da família. "É um fator de destruição dos lares", diz Rufino, que também é membro da igreja.
Chamado de Centro de Formação de Líderes, o núcleo da igreja é composto de professores voluntários e cobra de cada aluno R$140 por semestre para manutenção do espaço. Para a professora Alessandra Rufino, existe diferença entre o que ela ensina nos cursos fora da igreja e o que ensina no ambiente religioso.
"No mundo, como nós falamos aqui, eu foco apenas as estratégias de liderança. Na igreja, além de ensinar essas estratégias, dou ênfase nos ensinamentos de Jesus Cristo. Eu digo para eles, 'se tem alguém que pode transformar vocês 100% é Jesus.'"
Segundo o Censo de 2010, em 10 anos, a Igreja Evangélica cresceu 61% no Brasil e representa aproximadamente 22% da população.
Fonte: Folha de São Paulo, 28/11/2015

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