segunda-feira, novembro 19, 2007

TINHA UMA VIDA COM DEUS MAIOR QUE A VIDA COM A RELIGIÃO.

Lucas começa a história nos contando o que a torna surpreendente. Cornélio era alguém que já amava a Deus antes de se envolver com os aspectos religiosos de amar a Deus. A expressão usada por Lucas não é casual:


“Ele e toda a sua família eram piedosos e tementes a Deus; dava muitas esmolas ao povo e orava continuamente a Deus.” (2)


Isto significava que mesmo sem ser judeu, ele reconhecia e buscava o Deus dos judeus. Mesmo sem ser circuncidado, sem guardar o sábado, sem praticar os ritos do judaísmo, Cornélio era alguém com genuína relação com Deus. Os não judeus convertidos ao judaísmo eram chamados de judeus prosélitos. Os não judeus que buscavam ao Deus dos judeus sem se converterem ao judaísmo eram chamados de tementes a Deus.

Veja, em nenhum momento o texto sugere um fechamento, ou uma negação em Cornélio da religião. Muito menos eu quero dizer algo parecido com isso, o que seria uma enorme contradição, visto ser eu um homem da religião, que sou pastor.

O que a narrativa de Lucas quer que compreendamos é a prioridade que a vivência com Deus tem sobre a vivência com a religião. E o que me assombra é o fato de invertermos essa prioridade com muita freqüência. Isso acontece quando a nossa vida religiosa, ou as programações da religião e suas obrigações se tornam o pouco da nossa vida que tem a ver com Deus. Fora do momento religioso ficamos com poucos vestígios de Deus.

Se meditamos sobre a vida à luz das Escrituras é graças ao momento do sermão;
Se oramos é porque o clérigo o faz coletivamente;
Se temos palavras de gratidão e celebração é porque cantamos na igreja;
Se abençoamos o próximo com palavras e abraços é porque o moço do louvor insiste para fazermos isso;
Se nos emocionamos com as coisas de Deus é porque sempre tem alguém contando alguma história inspirativa.
O que sobra de Deus na minha vida quando não estou nos ambientes da religião? Não seria esse o pior ateísmo? Esse que se veste de crente? No íntimo vive como se Deus não existisse. Quando tira a roupa de crente não sobra nada de Deus. Fora o momento religioso, não há Deus. Esse é o pior e verdadeiro ateísmo.

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