"Eu sempre me
posicionei, como vice, com as atribuições que o vice tem. E foi esse respeito,
de cada um saber ocupar o seu espaço, que permitiu que nós nunca tivéssemos
qualquer tipo de divergência política que impedisse que hoje continuássemos
aliados políticos".
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Alexandre
Von |
Entrevista exclusiva a
este blog
Embora não haja pesquisas ainda
publicadas no município de Santarém, o fumus victoriae, até este momento,
vai na direção do candidato da coligação encabeçada pelo PSDB, deputado estadual
Alexandre Von. É o que se ouve em muitos comentários na cidade, mesmo por parte
de eleitores que não simpatizam com o candidato. Nestes comentários ouve-se com
frequência a expressão “única alternativa”, em razão da pobreza do presente
quadro político local.
Assim como a atual prefeita
Maria do Carmo Martins Lima é criticada pelos oposicionistas de aceitar, na
administração, a ingerência de seu irmão Everaldo Martins Filho, o Everaldinho,
Alexandre Von também tem a desconfiança de seus oponentes no tocante à sua
antiga aliança com o deputado federal Lira Maia (DEM), de quem foi vice-prefeito
por dois mandatos, de quem continua aliado e amigo próximo e que tem, como
candidata a vice-prefeita, a irmã de Lira Maia, Maria José.
Então, Alexandre terá autonomia
para governar um município que está a exigir medidas de vulto, do tamanho dos
problemas que enfrenta? Em resposta a esta e outras perguntas o candidato
concedeu a presente entrevista exclusiva a este blog, no dia 14, terça, em seu
gabinete no terceiro andar da Assembleia Legislativa, em Belém. À primeira
questão, respondeu Von:
“Eu fui oito anos vice-prefeito
do Lira Maia, e ele, na condição de prefeito – nunca tornou público, porque
nunca houve – em nenhum momento dos oito anos de gestão, qualquer tentativa do
Alexandre de querer ocupar o espaço do prefeito. Eu sempre me posicionei, como
vice, com as atribuições que constitucionalmente o vice tem. E foi esse respeito
de cada um saber ocupar o seu espaço que permitiu que nós nunca tivéssemos
qualquer tipo de divergência política que impedisse que hoje continuássemos
aliados políticos”.
Continua o
candidato:
“Eu não tenho dúvida nenhuma,
eu asseguro, com absoluta segurança que, ao chegar ao cargo de prefeito, eu
desempenharei as atribuições que me caberão como prefeito, e o deputado Lira
Maia continuará desempenhando as dele como deputado federal, e que vai
contribuir muito, sobretudo ajudando o município a captar recursos do governo
federal e outras parcerias possíveis. E eu tenho certeza também que a minha
vice-prefeita (Maria José Maia) desempenhará as suas funções dentro de suas
prerrogativas”.
Pergunta: Então, as
críticas de que o deputado Lira Maia, em caso de uma vitória tua para a
prefeitura de Santarém, poderá vir a ocupar um lugar parecido ao que atualmente
ocupa, como se comenta em Santarém, o irmão da prefeita Maria do Carmo Lima,
Everaldo Martins, mais conhecido como Everaldinho?...
Resposta: Mas com
certeza absoluta, mas absoluta mesmo que isso não vai acontecer e isso nunca
passou na cabeça do Maia e jamais nós teremos problemas por conta
disso.
Erros e acertos de
Maria
Pergunta: Quais os
acertos e os erros da atual prefeita, Maria do Carmo Lima?
Resposta: O grande erro
foi inchar a estrutura administrativa da prefeitura, foi multiplicar os órgãos
públicos para atender a uma avalanche de pedidos dos seus aliados. Essa prática
comprometeu a qualidade e o volume dos investimentos públicos.
Pergunta: Não corres,
então, os mesmos riscos, haja vista que tua coligação tem tantos candidatos a
secretários, por exemplo?
Resposta: Com certeza
absoluta, se eu não fizer as mudanças no início da gestão, eu vou cair no mesmo
erro. Não podemos trabalhar com esse perfil. Outro erro da atual administração
foi a ausência do planejamento estratégico que estabeleça de onde estamos
partindo, aonde queremos chegar e por quais meios. Outro erro foi a improvisação
administrativa, fruto dessa falta de planejamento. Cada partido que ocupa uma
secretaria dá à secretaria o rumo que mais convém ao seu partido. Num eventual
governo meu não haverá a política de porteira fechada, com um partido apontando
apenas elementos dos seus quadros.
Divisão do
poder
Pergunta: Estás numa
campanha apoiado numa ampla coligação. Hoje os municípios estão sobrecarregados
com tantas secretarias – em Santarém houve até duas secretarias para tratar do
mesmo assunto, a agricultura. Tudo isso para acomodar os apoiadores políticos.
Tu não vais cair nessa vala-comum, a ponto de inviabilizar um provável governo
teu?
Resposta: Meu governo
terá cinco eixos: a modernização da gestão pública, o desenvolvimento local
sustentável, mobilidade e desenvolvimento urbano, com a reconstrução do sistema
viário, modernização e humanização do transporte público, o eixo da proteção
social, com avanço na saúde pública, e o quinto eixo é o da promoção social, com
avanços da educação, cultura, esporte e lazer. Ninguém governa só, vou governar
com os partidos, e a nossa coligação tem 8 partidos que vão participar da
gestão, mas não com a agenda do partido.
Só será secretário no meu
governo aquele ou aquela, representante de partido ou não, que assuma antes o
compromisso com essa agenda que propomos para a população de Santarém. Hoje
nosso município tem algo em torno de 25 secretarias, com enorme desperdício, e
eu quero meu governo somente com 12 secretarias. Depois de eliminar várias,
pretendo criar apenas uma secretaria, que será da Juventude, Esporte e
Lazer.
Os votos de Mojuí dos
Campos
Pergunta: Com a criação
do município de Mojuí dos Campos, retirado de Santarém, e a supressão de 17 mil
votos do antigo distrito, o deputado Lira Maia deverá perder um bocado de votos
na região das colônias. Isso não vai dar um baque na contagem final dos teus
votos?
Resposta: “Na verdade
não tem a ver só com o deputado Lira Maia, na eleição passada eu fui o deputado
estadual mais votado em Mojuí, onde recebi 4.500 votos, e o segundo mais votado
teve 1.100 votos. Ali é um território onde nós sempre vencemos, mas eu considero
que para Mojuí é muito melhor a criação do município, conseguir a sua autonomia.
Nós temos bom respaldo também nas regiões ribeirinhas e no Planalto que ficou
para Santarém, uma zona que largada nos últimos oito anos...”
Estado do
Tapajós
Pergunta: E a campanha
pela emancipação do Tapajós?
Resposta: Esse é um
sonho adiado, jamais sepultado, até porque aqui na região Oeste nós tivemos 99%
do “sim”. Não dá para aceitar uma matemática tão prejudicial a nós como essa
matemática do plebiscito como foi proposta pelo Supremo, com 2/3 da população
morando na parte do território que não quer a divisão e só 1/3 mora na parte que
quer se separar. Nós vamos ganhar quando tivermos a capacidade de ajustar essa
regra à realidade dos territórios que querem se emancipar.
Como prefeito, vou fortalecer a
coordenadoria de integração e desenvolvimento regional que será também de apoio
à criação do Estado do Tapajós. A partir de primeiro de janeiro essa
coordenadoria será ligada ao gabinete do prefeito, com a responsabilidade de
liderar as ações no município de na região. O prefeito de Santarém não vai se
omitir nessa luta e uma das nossas primeiras batalhas, hercúlea, será conseguir
aprovar no Congresso um projeto de lei de iniciativa popular, determinando a
realização do plebiscito nas áreas que desejam se emancipar.
Oposição e
verbas
Pergunta: Tens anunciado
um plano relativamente ambicioso para governar Santarém. Sabemos que o governo
do Estado, do mesmo partido teu, tem problemas de caixa e não poderá suprir as
necessidades do município. Que brechas há para um prefeito do PSDB conseguir
verbas junto ao governo federal, a quem faz oposição?
Resposta: Seria uma
aliança em defesa do povo de Santarém, tanto no nível do Estado quanto do
governo federal. A presidente da República tem tido uma postura correta em
relação ao acesso dos Estados, e creio que com os municípios não deva ser
diferente. Por exemplo, o programa Minha Casa Minha Vida está em todos os
Estados. Bons projetos, bem justificados, têm sempre possibilidades de captar
recursos. Iremos também buscar recursos de fontes privadas nacionais e
internacionais.
“Trânsito
assassino”
Pergunta: Santarém tem
problemas crescendo para todos os lados, entre eles o aumento populacional, o
trânsito caótico, ruas esburacadas, pescado caro, ausência de um terminal
fluvial...
Resposta: Nosso trânsito
é assassino, matando inocentes. Em nenhum outro momento da história de Santarém
um prefeito vai assumir tendo à sua frente desafios tão gigantescos. Além da
modernização da administração pública, a agenda de compromisso que estou
apresentado à população, tem como objetivo enfrentar esses enormes desafios,
entre eles o desenvolvimento local sustentável. Eu penso que o poder público é
um incentivador do desenvolvimento local e isso a atual administração não fez,
ficou ausente dos problemas e de suas soluções.
Como prefeito, não serei eu que
vou dizer quais as vocações econômicas do município, nós teremos que
identificá-las coletivamente. Mas com certeza estarão nas prioridades o
desenvolvimento da piscicultura, da avicultura, fibras naturais, fruticultura,
que são vocações naturais e não podem ficar de fora do nosso desenvolvimento.
Precisamos pensar na criação de um polo de criação de peixes e aves com vistas
ao mercado local mas também à exportação. Criaremos um instituto municipal de
desenvolvimento para fomentar o empreendedorismo, incluindo grupos como pequenos
e grandes produtores, os quilombolas, os indígenas, grupos com os quais temos
amplas condições de diálogo.